24 julho 2010

a saga da pedra abandonada.

Estava tudo correndo bem, eu estava flutuando e já tinha me adaptado às refeições de remédios. Acontece que aquelas dores não paravam e eu não aguentava mais tentar adivinhar o que era. Resultado: internação (de novo).

Após 56765157257167175 exames tivemos a notícia que uma pedrinha havia sido esquecida durante a cirurgia.

Isso é um absurdo, sério. Eu tô bem, no máximo vou precisar de uma endoscopia suuuuper agradável pra romper o canal e dar passagem pra protagonista, A PEDRA. Eu, como uma reles figurante, não me importo em ser útil a ela.

Voltando ao absurdo: imaginem os sentimentos daquela pedra, perdida pelo canal colédoco, sozinha, autistando e dilatando a via biliar. É obvio que ela está deprimida, sentindo a dor da solidão. É óbvio que ela queria que alguém compartilhasse dessa dor com ela, como um desabafo. É óbvio que a melhor pessoa pra essa função sou eu, aliás, sou muito boa em sentir dor... deviam contratar-me para protagonizar.


Enfim, o médico achou que a pedra estaria magoada e queria
passar antidepressivo para ela, através de mim... veja que pessoa de grande coração. Mas eu achei melhor não dopar a pedrinha, e aqui estou eu, todos os dias tentando acalmá-la.

Acho que ela está melhor, talvez tenha feito amizade com meu intestino. O fato é que ela me abandonou, a dor é amena e, pra dizer a verdade, não sinto falta da pedra. Nem era minha amiga, nosso contato era apenas profissional.

Como uma boa profissional, desejo a ela um grande futuro intestino abaixo... e que ela não precise mais de mim.


PS.: Acho que essa cirurgia complicada, cheia de consequências foi uma conspiração contra a minha pessoa a fim de me fazer desistir. Maaas, já positiva e operante, como um velho vaso ruim, não me acovardei e ainda não desisti de cortar o nariz e comprar seios novos.